Novo Google Earth permite monitoramento quase em tempo real de terras na Amazônia

Foto: Divulgação/Google Brasil

A inovadora plataforma do Google Earth, lançada nesta semana, inaugurou uma nova fase nas ações de defesa e proteção da Amazônia. Com a ferramenta é possível mapear e monitorar territórios inteiros, acompanhar quase em tempo real áreas sob ameaça e passear por paisagens de florestas, rios e comunidades nos moldes da realidade virtual do Google Street View. E o mais interessante: os próprios povos tradicionais – indígenas, ribeirinhos, quilombolas e produtores rurais – podem fazer o monitoramento de suas terras.

É o que conta Rogério Pereira, do quilombo Aracuã de Cima, localizado no Pará. “Para nós, a nova plataforma ajudou a conhecer melhor o nosso território e a mobilizar a nossa juventude a também conhecer o território, defendê-lo contra ameaças, contra madeireiros, mineradores, garimpeiros e fazendeiros. Mesmo nossas terras sendo tituladas, certificadas, a gente não tinha conhecimento de como era o nosso território visto de cima. Conhecíamos por baixo, mas bem pouco. Com essa ferramenta, nós conseguimos identificar como estão as nossas terras, como eram antes e como está hoje”, disse.

Outro povo beneficiado com o novo Google Earth são os Cinta Larga, residentes em territórios localizados entre os estados de Rondônia e Mato Grosso. “O uso da tecnologia é importante para manter a cultura do nosso povo e mostrar a nossa cultura para o mundo. Usamos a plataforma para as futuras gerações e para os mais antigos que não têm acesso à tecnologia, mostrando como é importante a gestão do nosso território, mapeando locais que achamos importantes. Por exemplo, onde a gente tem a nossa roça tradicional, onde tem caça e pesca e onde podemos fazer vigilância contra madeireiros e garimpeiros, para proteger o nosso território”, disse Joks Cinta Larga, presente no evento de lançamento do Google Earth, em São Paulo.

Aprendendo a usar

Um dos primeiros povos a contribuir com o mapeamento da Amazônia em parceria com o Google Earth foram os Paiter Suruí, e, hoje, o jovem Ubiratã Suruí se tornou um dos principais “professores” no ensino do uso correto das tecnologias aos mais novos da comunidade indígena. “A falta de tecnologia levou que algumas festas ou histórias do nosso povo se perdessem por falta de registro. Hoje, com a tecnologia, nós podemos gravar tudo. Meu avô pode contar uma história e eu pego um celular e gravo. Isso vai ficar salvo e posso passar para várias pessoas, e vai manter nossa cultura sempre viva”, disse Ubiratã. “Todo mês temos reuniões para dialogar e conscientizar os jovens para usar (a tecnologia) de forma responsável, tomando cuidado no que posta na rede social”, alertou.

Claudinete Colé, do quilombo Boa Vista Trombetas, no Pará – o primeiro quilombo reconhecido no Brasil, também lembrou da facilidade em monitorar o território usando o Google Earth. “Uma coisa é sabermos que temos oito territórios, e outra coisa é poder ver tudo isso lá de cima, saber o que está acontecendo com o território naquele exato momento. E essa ferramenta permite isso, ir ao mapa e visualizar, para então tomar ações cabíveis”, disse. “Hoje nós quilombolas e os indígenas somos muito ameaçados por grandes projetos, por mineração, madeireiras, garimpos e por grandes criadores de gado. Vivemos sufocados. Então essa ferramenta permite mostrar que estamos ali, que estamos nos organizando, através do monitoramento da nossa área, e mostrar quais são os nossos limites territoriais”, completou.

#EuSouAmazônia

Através do novo Google Earth, pelo endereço g.co/EuSouAmazonia, é possível assistir aos 11 minidocumentários que contam histórias de cada povo da Amazônia sobre diferentes temáticas, como clima, desmatamento, agropecuária, hidrografia, territórios, etc.

 

 

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