Entenda por que a Noruega financia um fundo de conservação da Amazônia

Após uma queda de 15% em 2014, a taxa de desmatamento na Amazônia — a quantidade de terras que têm toda a cobertura vegetal destruída anualmente — teve um aumento de 24% em 2015 e, em seguida, de 29%, segundo dados preliminares de 2016. As informações são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Estratégicas).

Quase 8.000 km² foram desmatados em 2016, o pior índice desde 2008. Esse aumento causou um problema político ao governo Michel Temer. Na quinta-feira (22), durante a visita do presidente à Noruega, autoridades do país escandinavo anunciaram o corte pela metade de seus repasses ao Fundo Amazônia, que serve para implementar ações de conservação da floresta.

O ministro norueguês do Meio Ambiente, Vidar Hegelsen, afirmou que os cortes representarão R$ 166 milhões a menos para o fundo neste ano de 2017.

O que é o Fundo Amazônia

Anunciado em 2007, durante a Conferência do Clima em Bali (COP 13) e criado em 2008, o Fundo Amazônia capta investimentos para ações de conservação da Amazônia. As verbas são geridas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e aplicadas para iniciativas como monitoramento, gestão de florestas públicas e recuperação de áreas desmatadas.

Até 20% dos recursos podem ser utilizados em outros países tropicais ou em outros biomas brasileiros, como cerrado ou mata atlântica. Entre os projetos apoiados está, por exemplo, a compra de equipamentos para os batalhões de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros do Acre e a recuperação de nascentes de rios no município de Alta Floresta, em Mato Grosso.

Por que a Noruega participa do fundo

Apesar de ter uma população de pouco mais de 5 milhões de habitantes, a Noruega é o 15º maior produtor de petróleo do mundo, à frente de Qatar e Reino Unido.

O país é, indiretamente, um grande contribuidor para o aquecimento global devido à queima dos combustíveis fósseis que produz. O processo libera gases do efeito estufa. O país busca, portanto, se engajar no combate mundial à emissão desses gases e se tornou um grande doador para sistemas de proteção de florestas em países como Indonésia, Guiana, Libéria e Peru. Com isso, busca evitar que elas sejam destruídas

Em 2009, o governo brasileiro fechou um acordo com a Noruega para que ela investisse no Fundo Amazônia, o que fez com que o país se tornasse o maior contribuidor da iniciativa.

O acordo estabelecia, no entanto, que as doações são condicionadas à redução das emissões de CO2 (gás carbônico) do Brasil via a queda das taxas de desmatamento em comparação com uma média pré-estabelecida. Com o aumento recente no desmatamento, o desempenho do Brasil piorou. Pelos parâmetros do acordo, o repasse precisa diminuir. O desmatamento não chega em 2016 a metade das taxas de 2004 e 2005, mas indica uma reversão da tendência recente de queda nas taxas.

Fonte: Nexo jornal

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