O veneno de rã que é usado como remédio na Amazônia

Daniel Valdés não tem dúvidas sobre o efeito que o veneno da rã amazônica kambô teve sobre ele na primeira vez que o tomou.(Foto: Reprodução/ Internet)

Daniel Valdés não tem dúvidas sobre o efeito que o veneno da rã amazônica kambô teve sobre ele na primeira vez que o tomou.(Foto: Reprodução/ Internet)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O uso desse veneno – proibido pelas autoridades brasileiras – no tratamento de várias doenças está se propagando internacionalmente, principalmente na América do Sul. Entretanto, cientistas advertem que nenhum dos benefícios que foram atribuídos à substância foi comprovado e que, em alguns casos, seu uso pode levar à morte.

Valdés disse que a chave de sua transformação foi uma substância altamente tóxica secretada pela Phyllomedusa bicolor, também conhecida como rã-kambô, para se defender de seus predadores. O animal de cor verde brilhante vive principalmente na selva do Estado do Acre, no noroeste do Brasil, mas também pode ser encontrado em outros países amazônicos, como Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru e Venezuela.

Tradicionalmente, grupos indígenas brasileiros como os katukinas, kaxinawás e yawanawás, entre outros, usam o kambô em rituais para reforçar o sistema imunológico. Para isso, caçam a rã, que é identificada a partir do seu coaxar característico. Depois, amarrando as quatro extremidades do animal, extraem o veneno coçando suas costas com uma espátula.

O chileno Carlos Fuentes é um deles. Ele aprendeu a técnica com os índios katukinas, que habitam o Vale do Juruá. Fuentes disse que conviveu com a etnia durante quatro anos. Hoje, oferece sessões no Chile sob o nome de xamã Vuru.

“Ele atua em três frentes – física, mental e espiritual. E no alinhamento do ser para sua cura completa”, disse.

Para que o kambô surta efeito, explicou, o paciente deve comparecer à sessão em jejum. Depois, ele toma três litros de água enquanto o curandeiro faz uma série de queimaduras superficiais, em formato de pontos, em sua pele.

“Na batata da perna, no caso das mulheres. E nos braços e peito, no caso dos homens”, explicou Fuentes.

“Uns três ou quatro minutos depois, você sente um fogo correndo por seu corpo, uma chama que parte dos dedos dos pés e chega até a sua cabeça”, contou Valdés. “Você sente o coração na garganta, fica congelado, transpira.”

Ao final dos 15 minutos, o “paciente” vomita e sente uma sensação de alívio. Cientistas dizem que essas reações são consequência do envenenamento. Já os adeptos da prática dizem que isso acontece porque a substância está eliminando toxinas e outros males do organismo.

“A melhora é imediata”, disse Fuentes, o xamã Vurú. Ele contou que atende pessoas com todo tipo de problemas, desde viciados a pacientes com depressão e fibromialgia (síndrome que causa dores musculares e fadiga).

Outros profissionais que se dizem versados nas artes do kambô oferecem o tratamento contra inflamações, cansaço, tendinite, dor de cabeça, asma, rinite, alergias de todo tipo, úlceras, diabetes, problemas de pressão, colesterol alto, estresse, crises de ansiedade e redução da libido.

 

Fonte: BBC Brasil

Facebook

Links